Maria Cristina Oliveira Bruno*
A historicidade dos Museus e da Museologia no Estado de São Paulo é permeada, pelo menos, por três movimentos cruzados ao longo do tempo e por diferentes caminhos têm consolidado o delineamento de um perfil paulista para ações museológicas.
Em um primeiro segmento, desperta a nossa atenção e os trabalhos acadêmicos têm evidenciado, os esforços profissionais direcionados à implementação de interlocuções entre museus de diferentes tutelas e localizados tanto na capital quanto no interior. Interlocuções que, muitas vezes, se valem de diagnósticos de avaliações, de conexões em redes e sistemas, de itinerância de projetos, de busca de compatibilização em relação aos critérios técnicos, entre muitos outros fatores.
Essa interlocução também está contextualizada nas ações voltadas à capacitação técnica para Museus, à formação e especialização profissionais no campo da Museologia e, sobretudo, nos enquadramentos das pesquisas e dos trabalhos acadêmicos. Há um interesse, especial, pela superação de desafios técnicos e pela produção de conhecimento sobre a nossa realidade museológica. Nesse segmento, tem sido marcante o interesse pela discussão e as ações voltadas ao estabelecimento de parâmetros para políticas públicas, como também as análises inseridas em monografias, mestrados e doutorados, que identificam as singularidades do pensamento museológico paulista.
Um terceiro movimento, com igual relevância, é marcado pelas realizações de seminários, encontros, congressos, que têm ancorado e valorizado as atividades museológicas paulistas, mas ainda, têm permitido o diálogo para além-fronteiras nacionais e internacionais.
Nesse contexto, os dez anos dos Encontros Paulistas de Museus representam o centro desses movimentos, pois reúnem e misturam diferentes gerações de profissionais e estudantes, têm nos colocado em constante sintonia com a contemporaneidade das discussões principais para o mundo dos museus, têm sido pautados pelo rigor na organização e pluralidade de enfoques temáticos e, a partir de um prisma acadêmico, podemos identificar como o sinal mais consolidado da trajetória dos Museus e da Museologia entre nós.
Trata-se de uma tradição que nos aproxima de vanguardas e valoriza a memória do campo museológico, permitindo que, hoje, possamos celebrar profissionalmente 10 anos juntos!
* Maria Cristina Oliveira Bruno é museóloga (COREM/SP 001), formada em História pela Unisantos, cursou Especialização em Museologia pela FESP-SP, com Mestrado em História Social/Pré-História, Doutorado em Arqueologia e Livre Docência em Museologia pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é Professora Titular em Museologia na USP, onde é docente do Programa de Pós-Graduação Interunidades em Museologia e foi Diretora do Museu de Arqueologia e Etnologia (Gestão 2014 – 2018).