Encontro une representantes da Fundação Casa Grande/Memorial do Homem Kariri e da Comunidade Cultural Quilombaque
O segundo dia de atividades (19/07) do 10º Encontro Paulista de Museus (10EPM) conta, às 10h45, com a mesa de debates “Fazendo Juntos – Gestão e Governança”.
Na entrevista abaixo, os participantes – Alemberg Quindins, sócio-fundador da Fundação Casa Grande/Memorial do Homem Kariri, da cidade de Nova Olinda (CE); e José “Soró” Queiróz, consultor e educador da Comunidade Cultural Quilombaque, do bairro de Perus, em São Paulo – explanam sobre quais medidas em gestão e governança podem ser adotadas pelos museus de pequeno e médio porte e qual a importância de se fazer esse debate em eventos como o 10EPM. Confira.
SISEM-SP: O que será apresentado na mesa “Fazendo juntos – gestão e governança”?
Alemberg Quindins: Compartilharemos como, junto com as crianças, a pequena cidade de Nova Olinda (CE), de 15 mil habitantes, tornou-se um dos destinos do turismo sociocultural mais bem sucedidos do mundo – a partir de um projeto arquitetônico de restauração da casa que deu origem à comunidade, resgatando a pré-história do homem e a conectando à produção de novas tecnologias de gestão e desenvolvimento cultural, inclusão social através do turismo de base comunitária e do protagonismo infanto-juvenil.
José “Soró” Queiróz: Apresentaremos a trajetória de 13 anos da Comunidade Cultural Quilombaque, nosso conceito operativo de artes e cultura, as estratégias e metodologias de visão e ação sistêmica, integrada e em rede – e, com isso, elaborando e implementando um Plano de Inclusão em Desenvolvimento Sustentável Local, e, neste, o projeto “Museu Territorial de Interesse da Cultura e da Paisagem TEKOA JOPO’Í”.
SISEM-SP: Quais pontos, dentro do assunto Gestão e Governança, o sr. destacaria como principais no trabalho de sua instituição?
Alemberg Quindins: A autonomia. É através dela que as crianças e jovens são protagonistas da Fundação Casa Grande. A Casa Grande educa para a vida, desde a mais simples atividade cotidiana ao empoderar as crianças na gestão cultural – uma vez que são elas que abrem suas portas e executam as atividades de limpeza, jardinagem, recepção, guiamento – até aquelas mais complexas – como a definição dos conteúdos transmitidos, o planejamento institucional, a formulação de projetos. Dentre outras – são realizadas, mensuradas, qualificadas e avaliadas de forma coletiva e cooperadas, traduzidas em importantes momentos de aprendizagem coletiva. Na escola livre da Fundação Casa Grande, o mestre pode ser uma criança que aponta como pode ser feito o melhor, nas trocas e responsabilidades. Trata-se de um espaço de educar, criar, gestar, gerir com generosidade, ludicidade e felicidade, todos fazem parte de um coletivo múltiplo e diverso em habilidades e potencialidades.
José “Soró” Queiróz: A ampliação e amplificação do conceito de participação, intra e extra grupos (polos Dinâmicos Dinamizadores), articulados e integrados em rede sistêmica multidimensional. Metodologias como a gestão sistêmica multidimensional, a formação em ação, a sevirologia e outras.
SISEM-SP: De que maneira os museus, em especial os de pequeno e médio porte, podem melhorar seus trabalhos em gestão e governança?
Alemberg Quindins: O que o Brasil está precisando é de conteúdo. Apresentaremos casos de como a comunidade pode se apropriar de conteúdos locais e musealizar suas histórias e personagens, construindo uma política de implantação coletiva de Museus Orgânicos.
José “Soró” Queiróz: Se dispondo a ressignificar suas práticas e conceitos de participação. Para além das comissões e reuniões de usuários. Dispor-se a gerir processos dinâmicos, único modo de enfrentar o paradigma da organização versus liberdade criativa. Compreender o museu como um organismo vivo, interativo.
SISEM-SP: Como eventos como o 10EPM auxiliam nesse debate?
Alemberg Quindins: São nesses espaços de debate e compartilhamento de experiências que também construímos conteúdo e fortalecemos ideias.
José “Soró” Queiróz: Eventos como esse, além da troca de experiências e conhecimentos, ao corajosamente ousar ampliar os conceitos do que sejam museus, turbinam estas trocas. Mas, acho que a contribuição maior está na disposição, no clima e no ambiente criado e nessa perspectiva de enfrentamento e superação criativa das dificuldades. Reconhecer e lidar com dificuldades é uma coisa, ser dominado por uma visão e sentimento vitimista é outra. Acho que o Encontro Paulista de Museus se dispõe e cumpre brilhantemente esse papel dinâmico dinamizador.
Fonte: SISEM-SP